No quarto 19 estava um motorista aposentado
Tão acostumado com a dor nas costas
Que nem reclamava mais
Me disse que sentia tanta saudade do bom dia
E também do até logo que ele nunca mais ouviu
Mas que mesmo assim, arrumava todo dia
O quadro torto da parede
Queria ter a paciência daquela a moça do quarto 11
Que não se irritava com a goteira no quarto que dormia
Não é todo mundo| que consegue ler por tanto tempo
Ainda mais com o chão molhado desse jeito
Mas que mesmo assim, ela chorava enquanto lia
A penúltima página do seu livro
Toda vez que a porta 07 abre, um coração duro aparece
Ele nunca ri, nunca agradece, não sente frio, só solidão
E me disse que se arrependia de jamais ter falado algum dia
O quanto amava a sua única filha
Mas que mesmo assim, ainda ensaiava no espelho
Cada frase sincera pra se libertar
Nunca se ouve sons no quarto 03, ela acorda, questiona
O dever de existência, levanta e ri
Simula algum sorriso, faz a careta
E tira uma foto, que não ficou tão boa
Mas que mesmo assim, tira outra
Outra e outra que talvez algum dia ele irá curtir
Os muro temem nossa liberdade
Por certo sabem que o infinito nos é familiar
Temos teto e chão e 4 paredes
Mesmo estando aqui só de passagem
Os muro temem nossa liberdade
Por certo sabem que o infinito nos é familiar
Temos teto e chão e 4 paredes
Mesmo sendo apenas hóspedes no hotel 79